Jogadas:Golo do Hugo

Ceifa ceifa, ooops, mais uma cacetada no gajo...

Dois anos sem jogar é muito tempo. Dois anos com uma lesão no joelho, é pior ainda...
Aquilo que para a maioria de nós é uma brincadeira, pode por vezes originar complicações, mesmo que em choques fortuitos, ou como no caso do Hugo, por manifesta falta de jeito e de sorte, simplesmente a andar arranja-se uma lesão gravíssima, que pode trazer consequências para o resto da nossa existência.

Aqui há dois anos, depois de alguns meses a jogarmos, o Hugo, conseguiu sozinho arranjar o 31 da vida dele. Duas operações depois, muita fisioterapia e muito ginásio depois, sem contar com o sofrimento inerente, ele está de volta.

Nunca foi um jogador entusiasmante, nunca foi uma estrela, mas sempre soube jogar prático e simples, com um drible curtinho que consegue muitas vezes alguns segundos preciosos, que lhe permitem passes fatais, ou desmarcações perigosas.

O drible ainda não sai sempre bem, os passes ainda saem muitas vezes tortos, mas já se nota o regresso do grande artista aos palcos maiores. E o medo de meter o pé já quase não existe, arrepiando às vezes, quem olha para a forma como ele se faz a algumas bolas e cerra os dentes, a pensar, ganda maluco, ainda se parte todo outra vez...

Mas das nossas limitações só nós sabemos, e tendo sempre consciência delas, ele vai jogando sempre no máximo que consegue e pode.

A uns quinze minutos do fim do jogo passado, a jogada da jornada 5 aconteceu: numa desmarcação digna dum Jardel dos grandes tempos, dum Liedson da época passada ou dum Nuno Gomes versão 2005/06, Hugo começou a correr, não sem antes levantar a mão e gritar bem alto, à artista, “Passa, porra”. Ricardo Queiroz, depois de receber uma bola rechaçada pela defesa, faz um chapéu a Malcolm, que cai perfeitinho nos pés do Hugo, que pára a bola, olha, avalia e chuta.

Remate colocadíssimo, sem hipóteses para o guarda-redes, e toda a gente em cima do Hugo, a festejar aquela que se considerou ser a jogada da jornada.

Há momentos que valem um jogo...